Friday, April 13, 2012

1 ano depois...

Na semana que vem fara' um ano que retornamos ao Brasil: gracas a Deus, esta' tudo correndo bem. A minha mae segue seu tratamento com "arimidex" e seguiu, por algum tempo, com os mesmos parametros estabelecidos nos Estados Unidos, tanto em relacao aos suplementos alimentares, quanto aos demais medicamentos.

Contudo, o padrao e' diferente, as consultas sao menos intercaladas e os exames menos frequentes. Ela esta' sendo tratada no hospital dos servidores no Rio de Janeiro, depois de muita insistencia da minha irma junto as autoridades locais.

A minha unica preocupacao e' com o fato de que ela ainda nao fez nenhuma tumografia computadorizada desde que chegou ao Brasil. Aparentemente, e' um exame muito caro (provavelmente cerca de 1800 reais) para o orcamento do hospital onde ela se trata. Obviamente, estamos combatendo isso da melhor maneira que podemos: tentando convencer pessoas influenciaveis de que a minha mae precisa desse exame a cada, pelo menos, 6 meses - Nos estados Unidos, era a cada 3 meses!



Mas ela esta' bem, da melhor maneira que a percebemos, pois ela e' bastante dramatica para deixar transparecer o que realmente sente: ora exagera para melhor, ora exagera para pior! Nao ha' como ter uma ideia clara e concisa.

A minha preocupacao nao e' com o volume do peito que permanece imperceptivel ao toque, mas sim com aquela constante ameaca de metastesis, pois uma vez que o cancer ultrapassa o sistema linfatico, pode realmente reaparecer em qualquer lugar do corpo e de maneira inesperada.

Contudo, durante este ano que passou, me afastei um pouco do tratamento da minha mae, deixei o fardo quase que inteiramente para os meus dois irmaos. Ainda que, algumas vezes eu me sinto culpado por isso, reconheco que me fez bem - e, provavelmente, nao sei como teria sobrevivido a tudo isso se tivesse sido de outra maneira.




Atualmente, voltei a viver na Europa e, se necessario for, trarei minha mae para um exame mais profundo se nada tiver efeito no Brasil. Apesar de todos os problemas que tivemos quando viviamos nos Estados Unidos, creio que a gravidade da situacao superaria problemas menores como os de relacionamento que tivemos ha' mais de um ano atras.

Mas, provavelmente, quando o cancer ataca uma familia, problemas de relacionamento sao tambem outro sintoma dessa doenca: a falta de paciencia, a ansiedade, o mau humor, o desespero, a raiva, a pressa, a sensacao de sufoco e impotencia, o desatino, a vontade de apertar, estrangular a dor, e tudo mais.

Mas o cancer nao e' assim? Infelizmente, sim. Mas felizmente, a gente aprende com ele!