Des-cancer-ndo
Desmistificando cancer: o que pode ser feito para ajudar, fazer diferenca no tratamento dessa terrivel doenca?
Tuesday, August 28, 2012
Um novo caminho...
Ok, agora preciso ir (para a entrevista de avaliacao)...
Friday, April 13, 2012
1 ano depois...
Na semana que vem fara' um ano que retornamos ao Brasil: gracas a Deus, esta' tudo correndo bem. A minha mae segue seu tratamento com "arimidex" e seguiu, por algum tempo, com os mesmos parametros estabelecidos nos Estados Unidos, tanto em relacao aos suplementos alimentares, quanto aos demais medicamentos.
Contudo, o padrao e' diferente, as consultas sao menos intercaladas e os exames menos frequentes. Ela esta' sendo tratada no hospital dos servidores no Rio de Janeiro, depois de muita insistencia da minha irma junto as autoridades locais.
A minha unica preocupacao e' com o fato de que ela ainda nao fez nenhuma tumografia computadorizada desde que chegou ao Brasil. Aparentemente, e' um exame muito caro (provavelmente cerca de 1800 reais) para o orcamento do hospital onde ela se trata. Obviamente, estamos combatendo isso da melhor maneira que podemos: tentando convencer pessoas influenciaveis de que a minha mae precisa desse exame a cada, pelo menos, 6 meses - Nos estados Unidos, era a cada 3 meses!
Mas ela esta' bem, da melhor maneira que a percebemos, pois ela e' bastante dramatica para deixar transparecer o que realmente sente: ora exagera para melhor, ora exagera para pior! Nao ha' como ter uma ideia clara e concisa.
A minha preocupacao nao e' com o volume do peito que permanece imperceptivel ao toque, mas sim com aquela constante ameaca de metastesis, pois uma vez que o cancer ultrapassa o sistema linfatico, pode realmente reaparecer em qualquer lugar do corpo e de maneira inesperada.
Contudo, durante este ano que passou, me afastei um pouco do tratamento da minha mae, deixei o fardo quase que inteiramente para os meus dois irmaos. Ainda que, algumas vezes eu me sinto culpado por isso, reconheco que me fez bem - e, provavelmente, nao sei como teria sobrevivido a tudo isso se tivesse sido de outra maneira.
Atualmente, voltei a viver na Europa e, se necessario for, trarei minha mae para um exame mais profundo se nada tiver efeito no Brasil. Apesar de todos os problemas que tivemos quando viviamos nos Estados Unidos, creio que a gravidade da situacao superaria problemas menores como os de relacionamento que tivemos ha' mais de um ano atras.
Mas, provavelmente, quando o cancer ataca uma familia, problemas de relacionamento sao tambem outro sintoma dessa doenca: a falta de paciencia, a ansiedade, o mau humor, o desespero, a raiva, a pressa, a sensacao de sufoco e impotencia, o desatino, a vontade de apertar, estrangular a dor, e tudo mais.
Mas o cancer nao e' assim? Infelizmente, sim. Mas felizmente, a gente aprende com ele!
Contudo, o padrao e' diferente, as consultas sao menos intercaladas e os exames menos frequentes. Ela esta' sendo tratada no hospital dos servidores no Rio de Janeiro, depois de muita insistencia da minha irma junto as autoridades locais.
A minha unica preocupacao e' com o fato de que ela ainda nao fez nenhuma tumografia computadorizada desde que chegou ao Brasil. Aparentemente, e' um exame muito caro (provavelmente cerca de 1800 reais) para o orcamento do hospital onde ela se trata. Obviamente, estamos combatendo isso da melhor maneira que podemos: tentando convencer pessoas influenciaveis de que a minha mae precisa desse exame a cada, pelo menos, 6 meses - Nos estados Unidos, era a cada 3 meses!
Mas ela esta' bem, da melhor maneira que a percebemos, pois ela e' bastante dramatica para deixar transparecer o que realmente sente: ora exagera para melhor, ora exagera para pior! Nao ha' como ter uma ideia clara e concisa.
A minha preocupacao nao e' com o volume do peito que permanece imperceptivel ao toque, mas sim com aquela constante ameaca de metastesis, pois uma vez que o cancer ultrapassa o sistema linfatico, pode realmente reaparecer em qualquer lugar do corpo e de maneira inesperada.
Contudo, durante este ano que passou, me afastei um pouco do tratamento da minha mae, deixei o fardo quase que inteiramente para os meus dois irmaos. Ainda que, algumas vezes eu me sinto culpado por isso, reconheco que me fez bem - e, provavelmente, nao sei como teria sobrevivido a tudo isso se tivesse sido de outra maneira.
Atualmente, voltei a viver na Europa e, se necessario for, trarei minha mae para um exame mais profundo se nada tiver efeito no Brasil. Apesar de todos os problemas que tivemos quando viviamos nos Estados Unidos, creio que a gravidade da situacao superaria problemas menores como os de relacionamento que tivemos ha' mais de um ano atras.
Mas, provavelmente, quando o cancer ataca uma familia, problemas de relacionamento sao tambem outro sintoma dessa doenca: a falta de paciencia, a ansiedade, o mau humor, o desespero, a raiva, a pressa, a sensacao de sufoco e impotencia, o desatino, a vontade de apertar, estrangular a dor, e tudo mais.
Mas o cancer nao e' assim? Infelizmente, sim. Mas felizmente, a gente aprende com ele!
Wednesday, June 8, 2011
A dificil tarefa de seguir adiante...como antes!
Uma vez no Brasil, toda pessoa que passa muito tempo fora, sente falta (ou pensa que sente) de tudo aquilo que se privou durante sua estadia no exterior. Nao e' diferente no caso do paciente de cancer. As tentacoes sao muitas e multiplas.
No caso da minha mae, o problema e' ate' mais complicado por que ela ja' carrega essa tendencia de contrariar...de ser mae (que nao e' controlada pelos filhos, ou melhor, pelos conselhos dos filhos!) autoritaria: a estoria vem se repetindo dia apos dia - ela come justamente o que a gente (principalmente minha irma e eu) insiste que ela nao deve comer. Possvelmente, quer mostrar que esta' outra v ez no comando da sua propria vida! Talvez, ela se sinta invencivel como as suas lembrancas anteriores a seu diagnostico (que aconteceu fora do Brasil). Ela ate' descobriu um novo vicio, que, segundo ela, seria para substituir o cigarro (que ela ja' abandonou ha' mais de 18 meses atras!): chupar bala, muitas balas, uma atras da outra. E' claro que eu nao poderia ficar indiferente a esse consumo exagerado de acucar (que, com certeza, nao faz bem a ninguem e, muito menos a um paciente de cancer!), mas sou impotente frente a emancipacao da minha mae no Brasil. Aqui, ela fala o idioma local, conhece todos os truques e atalhos, vai sozinha a todo lado...consome o que quer e apetece! Eu ja' nao posso selecionar seus alimentos ou controlar sua dieta. Aqui, no Brasil, ela esta' livre [demais, talvez, para ser controlada]. Mas eu? simplesmente, me afasto...nao quero ver. Acho que e' a pior coisa: ver um paciente despreocupado com seu proprio estado de saude.
E' fato: a minha mae tem muito medo de morrer, mas e' um fato ainda maior, que ela nao consegue compreender a gravidade do seu estado de saude. Como ela teve a sorte de nao sentir sintomas de cancer, a gravidade parece ser um sonho distante...um pesadelo que aconteceu a outra pessoa.
Ha' mais de 3 horas de voo do Rio de Janeiro (onde minha mae esta'), conservo meus pensamentos o mais sano possivel: sei que devo respeitar as escolhas dos outros sem me sentir culpado e, no caso da minha mae, a distancia ajuda muito!
Thursday, May 5, 2011
NONI
NONI: você já ouviu falar ?
Esse maravilhoso suplemento alimentar tem feito parte da dieta da minha mae ja' ha' algum tempo. Primeiro, dava-lhe na forma de xarope e em jejum, mas ultimamente, por uma questao pratica, passei a usar capsulas, e lhe dou junto com o cafe da manha.
Acredito que o NONI ajuda o proprio corpo da minha mae a "reconhecer" o cancer como corpo estranho e fortalece seu sistema imunologico.
Segue abaixo uma materia bastante interessante sobre o NONI que encontrei na internet.
POR JUREMA APRILE
• A presença de ômega 6 e óxido nítrico dilataria os vasos, melhorando a oxigenação e, conseqüentemente, a memória
• Especialistas dizem que a fruta contém betacaroteno, precursor da vitamina A, e acubina, que agrega propriedades antibióticas
• Possui escopoletina, substância antibacteriana, antifúngica e antiinflamatória, que também ajuda a dilatar os vasos sangüíneos — o que faria baixar a pressão arterial
• A fruta é rica em vitamina C
É só uma questão de tempo para as pessoas começarem a ouvir falar desse tal de noni e descobrir que não se trata de um ser de outro planeta. Com o nome científico de Morinda Citrifolia e originário dos mares do Sul, esse alimento que tem gerado uma certa curiosidade é, na verdade, uma fruta verdinha, com a aparência de fruta do conde, e que — acredite — não pode ser encontrada em feiras nem supermercados. Isso mesmo: o noni está prestes a fazer parte do grupo de coisas sobre as quais todo mundo fala, mas que ninguém vê por aí — algo como um chester vivo, ciscando no terreiro.
A fruta só existe por aqui em forma de suco engarrafado ou chá (embora atualmente esteja sendo cultivada na Amazônia peruana e, talvez, possa ser encontrada à venda em breve no Brasil). Mesmo nos Estados Unidos, o noni é vendido apenas sob forma de cápsulas, chás (feitos das folhas) ou sucos industrializados, para dezenas de milhões de consumidores.
Ao contrário de todas as frutas que são melhores quando consumidas frescas e com casca, essa não é muito palatável ao natural. “Parece fruta do conde, mas não tem nada de doce. O gosto é muito ruim e o cheiro não é dos mais convidativos”, garante o nutricionista vegetariano George Guimarães, de São Paulo, que teve oportunidade de prová-la. Quanto ao suco, este vem misturado com sucos de cranberry (ou de blueberry) e de uva, e, segundo o especialista, tem um sabor curioso.
Febre de consumo:
Apesar da dificuldade de encontrá- lo in natura, o maior mistério em relação ao noni — e que também reforça sua popularidade — tem a ver muito mais com as suas supostas propriedades terapêuticas. Seu consumo no Brasil é recente, sendo mais popular nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. De acordo com estatísticas de 2003, uma garrafa do suco era vendida a cada dois segundos (ou menos) pelo mundo afora — sem falar das cápsulas e dos chás. “O sucesso está diretamente ligado ao fascínio que o homem sente por tudo que pareça mágico, milagroso e, sem muitas explicações precisas ou de forma vaga, anuncie-se capaz de curar várias doenças”, acredita o médico Leandro Pomini, de São Paulo.
Isso não quer dizer que o noni não tenha propriedades benéficas. Significa apenas que ainda não existem provas consistentes do ponto de vista científico de que realmente cure ou previna males. Há poucos estudos isentos a respeito — e nenhum com seres humanos, apenas ratos. “Essa fruta pode até vir a ser algo maravilhoso em termos de cura, mas ainda não existem provas conclusivas, nem estudos populacionais que sirvam de base para afirmar isso hoje”, diz a nutricionista Denise Schirch, de São Paulo.
Mesmo com a falta de informações precisas — o maior fabricante do suco no Brasil não quis dar informações nutricionais sobre o produto —, não se pode condenar a fruta. “Não faz mal algum consumir o noni”, garante George Guimarães. “Só pode haver algum risco se a pessoa deixar de seguir seu tratamento por causa disso”, acrescenta. É que os derivados do noni não são remédios, mas complementos alimentares. E o FDA e a Comissão Européia, organismos que funcionam como agências reguladoras de saúde nos Estados Unidos e na Europa, concluíram que não há evidências dos benefícios desse alimento para a saúde humana.
Motivo da controvérsia O noni e seus subprodutos geram polêmica porque anunciam ter uma substância chamada proxeronina, um precursor de um aminoácido denominado xeronina — que só um pesquisador descobriu até hoje. A xeronina foi encontrada e batizada pelo médico Ralph Heinicke, nos anos 50, quando ele fazia estudos com o abacaxi. Na ocasião o cientista ficou tão convencido dos poderes curativos de sua descoberta que passou anos estudando suas propriedades.
Quase não há menções a essa substância fora dos trabalhos de Heinicke e dos produtores de suco e de cápsulas obtidos a partir do noni. Quem fizer buscas em vários bancos de dados de pesquisa dificilmente encontrará algo sobre a xeronina ou sua precursora. O professor Richard Mithen, chefe da equipe de pesquisa do Centro John Innes e do Institute of Food Research, na Grã-Bretanha, afirma que nunca ouviu nada a respeito da xeronina e também não encontrou documentos científicos descrevendoa. Mesmo assim, Mithen, que recentemente produziu com sua equipe um superbrócolis que pode ajudar a prevenir câncer, acredita que o suco de noni é boa fonte de antioxidantes.
Estas substâncias são conhecidas por suas propriedades anti-radicais li vres, capazes de auxiliar na prevenção de tumores malignos — algo que, segundo o professor, o suco de laranja também pode fazer. “Todas as frutas contêm antioxidantes”, completa o nutricionista George Guimarães.
Em sucos industrializados com o noni, pode-se encontrar ainda a mistura com sucos de cranberry e uva, estes sim com propriedades reconhecidas cientificamente — podem ajudar a abaixar o nível de colesterol no sangue, por exemplo. Em tempo: o cranberry, uma frutinha vermelha do Hemisfério Norte, é parente da groselha e, acredita-se, do nosso cupuaçu. Tem qualidades comprovadas no tratamento de cistite (infecção urinária).
CAPACIDADE ANTIOXIDANTE
Quando o corpo usa o oxigênio para queimar a energia contida nos alimentos, as células passam a produzir inimigos: os radicais livres, moléculas defeituosas que oxidam e produzem estragos nas mitocôndrias, as usinas de força das células.
Essas reações estão relacionadas a câncer, doenças cardiovasculares e en velhecimento.
As chances de neutralizar esses vilões aumentam quando auxiliadas por um alimento que contenha diferentes elementos antioxidantes, como vitaminas e outro. Portanto, para saber o poder de fogo de um alimento na proteção das células, compara-se seu potencial antioxidante com o da vitamina E (considerada o parâmetro científico, pelo alto poder antioxidante deste nutriente).
Desta forma, sabe-se que alguns alimentos são mais carregados de anti-radicais livres que outros. Segundo especialistas, a fruta e o suco de noni são ricos em antioxidantes. Mas ainda não existe um estudo nutricional científico para quantificá-los, ou seja, que compare a sua capacidade antioxidante ao poder da vitamina E (nutriente considerado parâmetro para isso). Confira o que já se comprovou em relação a outros alimentos:
• O morango tem muita vitamina C, que aumenta a resistência do organismo, evita o envelhecimento precoce das células, problemas de pele e do sistema nervoso. Seu antioxidante, a cianidrina, está sendo estudado em pesquisas que o consideram quatro vezes mais poderoso que a vitamina E. • O tomate é rico em licopeno, carotenóide da família do beta-caroteno — um antioxidante natural que ajuda no combate a alguns tipos de câncer. É quase três vezes mais potente que a vitamina E. Os maiores teores de licopeno estão nessa fruta, mas também são encontrados na melancia.
PARA MIM FUNCIONOU
“O preço é salgado, mas equivale ao do medicamento que comprava para o estômago. Eu sofria de refluxo gastro-esofágico e depois de 15 dias tomando o suco o problema começou a diminuir — já o remédio não tinha adiantado. O bem-estar aumentou, a pele melhorou bastante e meu cabelo parou de cair como vinha acontecendo de forma dramática. Já tomo o suco há três meses, de manhã em jejum. Por mim, está aprovado”.
Margarida dos Santos, empresária, 55 anos
NÃO POSSO AFIRMAR QUE FUNCIONA
“Tomei o suco todo dia de manhã, durante um mês. O sabor é suportável, tem gosto de mato, não é uma maravilha, mas não é intragável. Na ocasião, tinha acabado de completar a quimioterapia para tratar um câncer de mama. Não sentia dor muscular ou enjôo, na verdade não passei muito mal com o tratamento. Não posso afirmar que o suco de noni tenha causado melhora no meu estado de saúde. Mas conheço pessoas que estão adorando, sei de casos em que a qualidade de vida melhorou muito. Tomei direitinho, porque vi que tem vários sais minerais, achei que ia ajudar no equilíbrio nutricional. A indicação era tomar junto com a quimio, para minimizar os efeitos colaterais e ajudar o organismo a se recompor, mas eu não quis. Achei que, se a proposta do tratamento médico era jogar meu organismo lá embaixo justamente para ele não ter condições de produzir células malignas, o melhor era não misturar as estações. E deu certo.”
Rita Oliveira, 44 anos, professora
Esse maravilhoso suplemento alimentar tem feito parte da dieta da minha mae ja' ha' algum tempo. Primeiro, dava-lhe na forma de xarope e em jejum, mas ultimamente, por uma questao pratica, passei a usar capsulas, e lhe dou junto com o cafe da manha.
Acredito que o NONI ajuda o proprio corpo da minha mae a "reconhecer" o cancer como corpo estranho e fortalece seu sistema imunologico.
Segue abaixo uma materia bastante interessante sobre o NONI que encontrei na internet.
POR JUREMA APRILE
• A presença de ômega 6 e óxido nítrico dilataria os vasos, melhorando a oxigenação e, conseqüentemente, a memória
• Especialistas dizem que a fruta contém betacaroteno, precursor da vitamina A, e acubina, que agrega propriedades antibióticas
• Possui escopoletina, substância antibacteriana, antifúngica e antiinflamatória, que também ajuda a dilatar os vasos sangüíneos — o que faria baixar a pressão arterial
• A fruta é rica em vitamina C
É só uma questão de tempo para as pessoas começarem a ouvir falar desse tal de noni e descobrir que não se trata de um ser de outro planeta. Com o nome científico de Morinda Citrifolia e originário dos mares do Sul, esse alimento que tem gerado uma certa curiosidade é, na verdade, uma fruta verdinha, com a aparência de fruta do conde, e que — acredite — não pode ser encontrada em feiras nem supermercados. Isso mesmo: o noni está prestes a fazer parte do grupo de coisas sobre as quais todo mundo fala, mas que ninguém vê por aí — algo como um chester vivo, ciscando no terreiro.
A fruta só existe por aqui em forma de suco engarrafado ou chá (embora atualmente esteja sendo cultivada na Amazônia peruana e, talvez, possa ser encontrada à venda em breve no Brasil). Mesmo nos Estados Unidos, o noni é vendido apenas sob forma de cápsulas, chás (feitos das folhas) ou sucos industrializados, para dezenas de milhões de consumidores.
Ao contrário de todas as frutas que são melhores quando consumidas frescas e com casca, essa não é muito palatável ao natural. “Parece fruta do conde, mas não tem nada de doce. O gosto é muito ruim e o cheiro não é dos mais convidativos”, garante o nutricionista vegetariano George Guimarães, de São Paulo, que teve oportunidade de prová-la. Quanto ao suco, este vem misturado com sucos de cranberry (ou de blueberry) e de uva, e, segundo o especialista, tem um sabor curioso.
Febre de consumo:
Apesar da dificuldade de encontrá- lo in natura, o maior mistério em relação ao noni — e que também reforça sua popularidade — tem a ver muito mais com as suas supostas propriedades terapêuticas. Seu consumo no Brasil é recente, sendo mais popular nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. De acordo com estatísticas de 2003, uma garrafa do suco era vendida a cada dois segundos (ou menos) pelo mundo afora — sem falar das cápsulas e dos chás. “O sucesso está diretamente ligado ao fascínio que o homem sente por tudo que pareça mágico, milagroso e, sem muitas explicações precisas ou de forma vaga, anuncie-se capaz de curar várias doenças”, acredita o médico Leandro Pomini, de São Paulo.
Isso não quer dizer que o noni não tenha propriedades benéficas. Significa apenas que ainda não existem provas consistentes do ponto de vista científico de que realmente cure ou previna males. Há poucos estudos isentos a respeito — e nenhum com seres humanos, apenas ratos. “Essa fruta pode até vir a ser algo maravilhoso em termos de cura, mas ainda não existem provas conclusivas, nem estudos populacionais que sirvam de base para afirmar isso hoje”, diz a nutricionista Denise Schirch, de São Paulo.
Mesmo com a falta de informações precisas — o maior fabricante do suco no Brasil não quis dar informações nutricionais sobre o produto —, não se pode condenar a fruta. “Não faz mal algum consumir o noni”, garante George Guimarães. “Só pode haver algum risco se a pessoa deixar de seguir seu tratamento por causa disso”, acrescenta. É que os derivados do noni não são remédios, mas complementos alimentares. E o FDA e a Comissão Européia, organismos que funcionam como agências reguladoras de saúde nos Estados Unidos e na Europa, concluíram que não há evidências dos benefícios desse alimento para a saúde humana.
Motivo da controvérsia O noni e seus subprodutos geram polêmica porque anunciam ter uma substância chamada proxeronina, um precursor de um aminoácido denominado xeronina — que só um pesquisador descobriu até hoje. A xeronina foi encontrada e batizada pelo médico Ralph Heinicke, nos anos 50, quando ele fazia estudos com o abacaxi. Na ocasião o cientista ficou tão convencido dos poderes curativos de sua descoberta que passou anos estudando suas propriedades.
Quase não há menções a essa substância fora dos trabalhos de Heinicke e dos produtores de suco e de cápsulas obtidos a partir do noni. Quem fizer buscas em vários bancos de dados de pesquisa dificilmente encontrará algo sobre a xeronina ou sua precursora. O professor Richard Mithen, chefe da equipe de pesquisa do Centro John Innes e do Institute of Food Research, na Grã-Bretanha, afirma que nunca ouviu nada a respeito da xeronina e também não encontrou documentos científicos descrevendoa. Mesmo assim, Mithen, que recentemente produziu com sua equipe um superbrócolis que pode ajudar a prevenir câncer, acredita que o suco de noni é boa fonte de antioxidantes.
Estas substâncias são conhecidas por suas propriedades anti-radicais li vres, capazes de auxiliar na prevenção de tumores malignos — algo que, segundo o professor, o suco de laranja também pode fazer. “Todas as frutas contêm antioxidantes”, completa o nutricionista George Guimarães.
Em sucos industrializados com o noni, pode-se encontrar ainda a mistura com sucos de cranberry e uva, estes sim com propriedades reconhecidas cientificamente — podem ajudar a abaixar o nível de colesterol no sangue, por exemplo. Em tempo: o cranberry, uma frutinha vermelha do Hemisfério Norte, é parente da groselha e, acredita-se, do nosso cupuaçu. Tem qualidades comprovadas no tratamento de cistite (infecção urinária).
CAPACIDADE ANTIOXIDANTE
Quando o corpo usa o oxigênio para queimar a energia contida nos alimentos, as células passam a produzir inimigos: os radicais livres, moléculas defeituosas que oxidam e produzem estragos nas mitocôndrias, as usinas de força das células.
Essas reações estão relacionadas a câncer, doenças cardiovasculares e en velhecimento.
As chances de neutralizar esses vilões aumentam quando auxiliadas por um alimento que contenha diferentes elementos antioxidantes, como vitaminas e outro. Portanto, para saber o poder de fogo de um alimento na proteção das células, compara-se seu potencial antioxidante com o da vitamina E (considerada o parâmetro científico, pelo alto poder antioxidante deste nutriente).
Desta forma, sabe-se que alguns alimentos são mais carregados de anti-radicais livres que outros. Segundo especialistas, a fruta e o suco de noni são ricos em antioxidantes. Mas ainda não existe um estudo nutricional científico para quantificá-los, ou seja, que compare a sua capacidade antioxidante ao poder da vitamina E (nutriente considerado parâmetro para isso). Confira o que já se comprovou em relação a outros alimentos:
• O morango tem muita vitamina C, que aumenta a resistência do organismo, evita o envelhecimento precoce das células, problemas de pele e do sistema nervoso. Seu antioxidante, a cianidrina, está sendo estudado em pesquisas que o consideram quatro vezes mais poderoso que a vitamina E. • O tomate é rico em licopeno, carotenóide da família do beta-caroteno — um antioxidante natural que ajuda no combate a alguns tipos de câncer. É quase três vezes mais potente que a vitamina E. Os maiores teores de licopeno estão nessa fruta, mas também são encontrados na melancia.
PARA MIM FUNCIONOU
“O preço é salgado, mas equivale ao do medicamento que comprava para o estômago. Eu sofria de refluxo gastro-esofágico e depois de 15 dias tomando o suco o problema começou a diminuir — já o remédio não tinha adiantado. O bem-estar aumentou, a pele melhorou bastante e meu cabelo parou de cair como vinha acontecendo de forma dramática. Já tomo o suco há três meses, de manhã em jejum. Por mim, está aprovado”.
Margarida dos Santos, empresária, 55 anos
NÃO POSSO AFIRMAR QUE FUNCIONA
“Tomei o suco todo dia de manhã, durante um mês. O sabor é suportável, tem gosto de mato, não é uma maravilha, mas não é intragável. Na ocasião, tinha acabado de completar a quimioterapia para tratar um câncer de mama. Não sentia dor muscular ou enjôo, na verdade não passei muito mal com o tratamento. Não posso afirmar que o suco de noni tenha causado melhora no meu estado de saúde. Mas conheço pessoas que estão adorando, sei de casos em que a qualidade de vida melhorou muito. Tomei direitinho, porque vi que tem vários sais minerais, achei que ia ajudar no equilíbrio nutricional. A indicação era tomar junto com a quimio, para minimizar os efeitos colaterais e ajudar o organismo a se recompor, mas eu não quis. Achei que, se a proposta do tratamento médico era jogar meu organismo lá embaixo justamente para ele não ter condições de produzir células malignas, o melhor era não misturar as estações. E deu certo.”
Rita Oliveira, 44 anos, professora
Um ano de tratamento...
Ha' cerca de quase dois meses atras, a minha mae completou 1 ano de tratamento e de luta contra o cancer.
Foi, com certeza, o ano mais dificil da minha vida. O turbilhao de emocoes foi realmente intenso, surpreendente, assustador, revelador, e, sobretudo, esclarecedor.
Hoje, o cancer da minha mae nao e' mais visivel, ele esta', como os medicos dizem, controlado. Ele perdeu a densidade de uma maneira, que ja' nao e' mais perceptivel.
Toda essa alegria se somou ao medo, a esperanca e as necessidades de rever aqueles que nem pensavamos mais que veriamos dentro de um ambiente de felicidade. Pois o cancer sempre aponta em outra direcao, nos faz medir as palavras, contar os acertos, premeditar os enganos, contar os dias e planejar prazos curtos.
Com um quadro estavel, minha mae quis voltar ao Brasil, rever aqueles que ela pensava que jamais veria outra vez - Ela chorou quando eu anunciei que havia comprado sua passagem de volta ao Rio de Janeiro.
Antes de mais nada, ponderei junto aos oncologistas que cuidavam da minha mae em Dallas, sobre essa volta ao Brasil. E eles me responderam em unica voz: "A unica razao pela qual nos tratamos o cancer, e' para que o paciente possa viver e estar bem, nesse exato momento, viver e estar bem para a sua mae, e' ir ao Brasil, visitar parentes e amigos, e e' o que ela deve fazer!"
Eu, pessoalmente, li muito mais que isso nas palavras dos medicos do Parkland Hospital. Pensei: "se ela esta' se recuperando de cancer, estagio 4, sem cura, como poderei eu priva-la de estar com quem ela mais ama?"
Tratar de um paciente de cancer em estagio avancado e' complicado, pois o paciente precisa compreender e gerenciar os proprios riscos e tomar decisoes ele mesmo. O "cuidador" nao pode, simplesmente, decidir por esta ou aquela "condicao", pois o estagio avancado do cancer pode piorar derrepente, deteriorar o paciente, e o "cuidador" tera' que viver eternamente com sua propria consciencia, tentando suportar a dor de ter negado algo importante a alguem que poderia estar morrendo! O "cuidador" pode apenas inspirar o paciente, mostrar preocupacao, amor, empenho e, no final de tudo, dar apoio a opcao do paciente.
No meu caso, eu nao poderia, simplesmente, proibir minha mae de voltar ao Brasil, onde nao haveria certezas sobre a continuacao do seu tratamento que estava funcionando!
De acordo, com os oncologistas americanos, que estavam tratando da minha mae, o tratamento qual ela estava sendo submetida nos Estados Unidos, nao e' nada de "ultima tecnologia" ou de avanco tal, que ainda nao estivesse disponivel no Brasil. Ela, seguramente, teria como continuar o tratamento sim...no Brasil. Mas os americanos nao sabem da politica e da demora do atendimento dos hospitais brasileiros (e, para falar a verdade, nem eu!). E isso era o que me assutava mais.
Mas a decisao estava tomada: voltariamos ao Brasil na semana santa de 2011. Me preparei, reuni todos os medicamentos que pude levar comigo, tanto os suplementos alimentares, quanto as receitas medicas. Mas o sistema hospitalar americano apenas fornece medicamentos para 3 meses. E assim fizemos, seguimos em direcao ao Brasil com medicamentos que durariam 3 meses. A unica excecao seria a aplicacao do Zometa que so' pode ser administratrada em hospital. E essa e' a nossa incognita atual.
Hoje a minha mae conseguiu um encaminhamento para o INCA do Rio de Janeiro, mas o medico nao garantiu que, se aceita no INCA, eles continuariam esse tratamento que funcionou ate' agora. A principio, ela tera' que ser diagnosticada outra vez ( o que ja' esperavamos!), mas eu e minha familia estamos dispostos em lutar para que a minha mae siga no mesmo tratamento que funcionou ate' agora.
Rezem por nos!
Foi, com certeza, o ano mais dificil da minha vida. O turbilhao de emocoes foi realmente intenso, surpreendente, assustador, revelador, e, sobretudo, esclarecedor.
Hoje, o cancer da minha mae nao e' mais visivel, ele esta', como os medicos dizem, controlado. Ele perdeu a densidade de uma maneira, que ja' nao e' mais perceptivel.
Toda essa alegria se somou ao medo, a esperanca e as necessidades de rever aqueles que nem pensavamos mais que veriamos dentro de um ambiente de felicidade. Pois o cancer sempre aponta em outra direcao, nos faz medir as palavras, contar os acertos, premeditar os enganos, contar os dias e planejar prazos curtos.
Com um quadro estavel, minha mae quis voltar ao Brasil, rever aqueles que ela pensava que jamais veria outra vez - Ela chorou quando eu anunciei que havia comprado sua passagem de volta ao Rio de Janeiro.
Antes de mais nada, ponderei junto aos oncologistas que cuidavam da minha mae em Dallas, sobre essa volta ao Brasil. E eles me responderam em unica voz: "A unica razao pela qual nos tratamos o cancer, e' para que o paciente possa viver e estar bem, nesse exato momento, viver e estar bem para a sua mae, e' ir ao Brasil, visitar parentes e amigos, e e' o que ela deve fazer!"
Eu, pessoalmente, li muito mais que isso nas palavras dos medicos do Parkland Hospital. Pensei: "se ela esta' se recuperando de cancer, estagio 4, sem cura, como poderei eu priva-la de estar com quem ela mais ama?"
Tratar de um paciente de cancer em estagio avancado e' complicado, pois o paciente precisa compreender e gerenciar os proprios riscos e tomar decisoes ele mesmo. O "cuidador" nao pode, simplesmente, decidir por esta ou aquela "condicao", pois o estagio avancado do cancer pode piorar derrepente, deteriorar o paciente, e o "cuidador" tera' que viver eternamente com sua propria consciencia, tentando suportar a dor de ter negado algo importante a alguem que poderia estar morrendo! O "cuidador" pode apenas inspirar o paciente, mostrar preocupacao, amor, empenho e, no final de tudo, dar apoio a opcao do paciente.
No meu caso, eu nao poderia, simplesmente, proibir minha mae de voltar ao Brasil, onde nao haveria certezas sobre a continuacao do seu tratamento que estava funcionando!
De acordo, com os oncologistas americanos, que estavam tratando da minha mae, o tratamento qual ela estava sendo submetida nos Estados Unidos, nao e' nada de "ultima tecnologia" ou de avanco tal, que ainda nao estivesse disponivel no Brasil. Ela, seguramente, teria como continuar o tratamento sim...no Brasil. Mas os americanos nao sabem da politica e da demora do atendimento dos hospitais brasileiros (e, para falar a verdade, nem eu!). E isso era o que me assutava mais.
Mas a decisao estava tomada: voltariamos ao Brasil na semana santa de 2011. Me preparei, reuni todos os medicamentos que pude levar comigo, tanto os suplementos alimentares, quanto as receitas medicas. Mas o sistema hospitalar americano apenas fornece medicamentos para 3 meses. E assim fizemos, seguimos em direcao ao Brasil com medicamentos que durariam 3 meses. A unica excecao seria a aplicacao do Zometa que so' pode ser administratrada em hospital. E essa e' a nossa incognita atual.
Hoje a minha mae conseguiu um encaminhamento para o INCA do Rio de Janeiro, mas o medico nao garantiu que, se aceita no INCA, eles continuariam esse tratamento que funcionou ate' agora. A principio, ela tera' que ser diagnosticada outra vez ( o que ja' esperavamos!), mas eu e minha familia estamos dispostos em lutar para que a minha mae siga no mesmo tratamento que funcionou ate' agora.
Rezem por nos!
Tuesday, August 10, 2010
A danca do cancer
justamente um dia depois da minha mae ter descoberto que cura de cancer nao acontece em 5 meses, ela passou o dia trancada no quarto e pouco comeu. Provavelmente, so' tomou seu tradicional cocktail verde pela manha, e, consequentemente nao tomou nenhum remedio como de costume. Passou o dia dentro do quarto, deitada e vendo televisao.
De minha parte, nao lhe encomodei, ate' por que tive que trabalhar o dia inteiro e tentando me convencer da melhor maneira de ter a tal conversa franca com ela.
Ao meu ver, ela esta' frustrada porque queria uma boa noticia, imediata e final, e isso nao aconteceu. E' dificil explicar para ela o que e' realmente o cancer e a situacao em que ela realmente esta'. Uma paciente que esta' no estagio 4 de cancer de seio, tem muito pouca chance de cura completa e rapida. E' processo lento, como uma danca que vai e vem, um passo para frente, outro para tras e assim vai. Os medicos aqui nunca lhe enganaram dizendo que ela ficaria boa curada em poucos meses! Ate' muito pelo contrario, disseram a ela que nao poderiam curar, mas sim controlar. Disseram a ela que tentariam uma serie de tratamentos ate' encontrar o mais adequado para ela. E que tudo dependeria de como o corpo dela reagiria a certos tratamentos.
Do meu ver, o tratamento ate' agora administrado tem resultado, porem nao tem contido a metastases. Ou seja, esta' diminuindo o que ja' foi ate' agora encontrado mais nao esta' necessariamente contendo o processo que espalha o cancer. Acho que, provavelmente, uma combinacao de outras drogas deveria resultar melhor. Ja' estamos cerca de 6 meses dentro do tratamento, neste ponto poderiamos ser capazes de avaliar o quadro geral dela. Provavelmente, aquilo que os medicos estam usando como alternativa, acaba por indicar que o tradicional deveria resultar melhor, ou seja, a quimioterapia "per se".
Contudo, nada podera' ser feito sem que a minha mae decida realmente se quer ficar aqui. No momento sinto que ela quer desesperadamente voltar para o Brasil, e que so' esta' aqui porque todos os amigos, familiares e conhecidos aconselham que aqui e' o melhor local para ela se tratar. Ou seja, ela nao esta' decidindo, esta' sendo forcada, ainda que passivamente, a decidir. E isso lhe esta' frustrando, irritando, deprimindo, contrariando...E me faz pensar no que realmente lhe esta' causando mais danos.
Mas a minha posicao e' complicada, pois e' claro que quero que ela fique aqui onde eu posso cuidar dela, ainda que sem muito tempo fisico de estar ao lado dela, mas reconhecendo que eu tenho a melhor possibilidade para oferecer-lhe os cuidados que ela necessita mais que qualquer um dos meus irmaos, mas definitivamente, nao posso lhe obrigar a ficar...nao posso ter que discutir com ela toda vez que eu lhe oferecer um medicamento...ou toda vez que eu lhe ofereca um alimento mais saudavel...ou uma agua mais pura...ou um pao com menas farinha...ou cozinhe com oleo menos saturado...ou quando busque alternativas para o acucar...
Para mim, e' muito dificil ligar com as queixas e defeitos que ela encontra em tudo que lhe pode ajudar a vencer o cancer!
No momento, nem sei se ela acredita na traducao que eu faco quando lhe levo ao medico. Acho que, na proxima vez, pedirei uma pessoa amiga para ir com ela ao medico para que ela se sinta mais vulneravel, mas tambem mais livre da desconfianca que eu possa estar "pintando" o quadro mais bonito que ele realmente e'.
O fato e' que a minha mae esta' com cancer! Sim, existem varios tumores espalhados pelo corpo. Mas ela nao esta' morrendo, esta' saudavel...o cancer nao esta' em nenhum orgao vital que lhe posso causar danos permanentes a sua saude. Sim, e' claro que esse quadro pode mudar, mas no momento ela tem todas as razoes para lutar e para acreditar que ira' vencer. Nao ha' aqui culpas ou culpados. E, como diz o vice-presidente do Brasil, cancer nao e' desculpa para morte pois Deus pode matar sem cancer, e se ele nao quizer matar, nem cancer mata!
Mas a minha mae, ao meu ver, ve sua volta ao Brasil a sua unica possibilidade de melhora...nao sei por que...seja porque eu me recuso a fazer o tal xarope de babosa que ela acredita que lhe curaria...ou simplesmente por que esta' com saudades e essa saudade e' mais importante que sua saude.
Monday, August 9, 2010
Um dia mais...
Hoje, finalmente, fomos fazer uma nova mamografia...em busca dos tumores presentes, mas nao mais aparentes.
Depois de quase tres horas de espera, me chamaram para traduzir os resultados da mamografia. Um jovem medico veio ao meu encontro na sala de espera do departamento de tratamento do seio do Parkland Hospital. A minha mae ja' havia entrado ha' mais de 1 hora...eles haviam prometido que, se houvesse necessidade, eles me chamariam. E assim foi!
Encontrei a minha mae numa sala escura onde outros medicos manuseavam visores digitais e interpretavam imagens. E eu o medico nos juntamos a ela. O medico havia dividido a tela digital em duas partes, uma que mostrava as mamografias anteriores e as de hoje. Desta vez achei as imagens mais confusas em comparacao a minha lembranca das anteriores, porem logo reconheci aquele formato estranho...aquela "virgula expectral". O medico, muito educadamente explicou que os tumores ainda estavam la', que haviam, na sua maioria diminuido em umas partes, mas crescido em outras. Naquele momento, so' pude traduzir parte da conversa, pois eu mesmo estava confuso. O medico explicou que o tumor havia perdido densidade, por isso se tornara dificil de ser detectado de maneira tactil. E que, inclusive, o tumor que estava debaixo do braco esquerdo, havia desaparecido por completo. O medico disse que, positivamente, o cancer estava respondendo ao tratamento. Ou seja, havia progresso. Pedi para ele dar numeros, porcentagem ao progresso. E ele respondeu que considerava uma melhora de 30 a 50%.
Para mim, eram boas noticias, mas a minha mae nao percebeu desta maneira. Ela so' queria saber se o cancer ainda estava la' e porque, se ela ja' nao sentia mais os vultos. Tentei explicar, mas ela nao queria ouvir. Chorou. Para ela, tudo que queria ouvir e' que nao havia mais nada nos seios. Ela estava se decepcionando. Na sua maneira de pensar, seu cancer estava com os dias contados e brevemente ela arrumaria suas malas e partiria rumo ao Brasil para rever seu neto, sua casa, seus filhos...amigos. Na sua maneira de pensar, nao havia duvidas...o fato de nao poder mais sentir o cancer era sinal de melhora absoluta e nao parcial.
Tudo se complicou ainda mais quando eu pedi para ver o resultado da tumografia anterior que ela havia tirado na sala de emergencia do hospital a pouco mais de uma semana atras, que eu nunca havia tido a chance de examinar pessoalmente. Essa tumografia revelou que os conhecidos tumores havia diminuido, mas ao mesmo tempo revelou que apareceram outros, ou pelo menos um de 4 milimetros na regiao toraxica junto a vertebra numero 11. Alias a tumografia revelou que ha' tumores, ou lesoes, como eles chamam, junto as vertebras 9, 10 e 11, e na regiao lombar junto a vertebra numero 1. A tumografia tambem revelou que ha' uma serie de pequenos nodulos nos pulmoes que devem ser vigiados devido ao estado clinico do paciente, mas nao revela tumor ou massa sequer.
Essa parte deixou a minha mae ainda mais desorientada...fez com que ela esquecesse toda a melhora aparente e se concentrasse apenas na parte ma' da noticia. Apartir dai' foi um furacao de emocoes, que culminou me atirando na cara a demora do diagnostico. Agora a culpa era minha por ter demorado tanto em leva-la ao medico quando ela primeiramente comecou a se queixar das dores na costela desde novembro passado. Agora, se nao havia melhora, ela queria voltar ao Brasil. Chorou varias vezes...se recusou falar com a minha irma, se trancou no quarto o dia inteiro!
Notei que ela nao tem tomado o anti-depressivo. Me queixei, mas ela argumenta que os remedios nao lhe estam fazendo efeito que, "...o que adianta se os tumores do peito estao diminuindo se os demais estao se multiplicando..."
Agora mesmo, eu nao sei o que lhe dizer...ela nao me escuta. Ou melhor, se recusa a me escutar. Sem se expressar desta maneira, ela parece apenas querer ir para o Brasil e experimentar o tal xarope de babosa que, segundo ela, lhe ajudaria.
Sinceramente, por mais que me doa, eu ja' nao tenho mais argumentos. Ela esta' lucida, em pleno uso das suas faculdades mentais e eu nao lhe posso forcar a medicar-se e muito menos permanecer aqui contra a sua vontade. Ela parece querer ir, mas porque todos lhe aconselham o contrario, ela se sente culpada em manifestar-se. Da mesma maneira que eu me sinto culpado em lhe incentivar a ir. Como poderia eu?
Decidi que vou esperar a "poeira" baixar, e ter uma conversa clara e franca com ela, e lhe perguntar o que ela realmente quer fazer...pois ela me faz sentir muito mal, como se eu estivesse lhe obrigando a se tratar contra a sua propria vontade...Agora, tudo que ela quer e' tranferir a culpa para outro. Como ja' disse antes, hoje ela ja' me culpou do cancer (a minha demora em leva-la ao hospital para descobrir a doenca!). E eu estou genuinamente cansado, esgotado com tudo isso. Tentarei, uma vez, envolver meus irmaos nessa decisao e ver o que podemos fazer, pois eu ja' nao tenho argumentos, nem sei mais o que lhe dizer sem que ela consiga deviar para um lado imaginario. Nem sei mesmo se alguma vez sucedi em lhe explicar o que e' cancer, pois ela, com certeza, ainda nao entendeu a gravidade e a extencao dessa doenca e realmente acreditava que, depois de 5 meses de tratamento, estaria completamente curada e esta' verdadeiramente desapontada porque nao aconteceu assim. E., como tudo que eu falo, ela tem que discordar, e' uma luta que eu nao posso vencer.
Depois de quase tres horas de espera, me chamaram para traduzir os resultados da mamografia. Um jovem medico veio ao meu encontro na sala de espera do departamento de tratamento do seio do Parkland Hospital. A minha mae ja' havia entrado ha' mais de 1 hora...eles haviam prometido que, se houvesse necessidade, eles me chamariam. E assim foi!
Encontrei a minha mae numa sala escura onde outros medicos manuseavam visores digitais e interpretavam imagens. E eu o medico nos juntamos a ela. O medico havia dividido a tela digital em duas partes, uma que mostrava as mamografias anteriores e as de hoje. Desta vez achei as imagens mais confusas em comparacao a minha lembranca das anteriores, porem logo reconheci aquele formato estranho...aquela "virgula expectral". O medico, muito educadamente explicou que os tumores ainda estavam la', que haviam, na sua maioria diminuido em umas partes, mas crescido em outras. Naquele momento, so' pude traduzir parte da conversa, pois eu mesmo estava confuso. O medico explicou que o tumor havia perdido densidade, por isso se tornara dificil de ser detectado de maneira tactil. E que, inclusive, o tumor que estava debaixo do braco esquerdo, havia desaparecido por completo. O medico disse que, positivamente, o cancer estava respondendo ao tratamento. Ou seja, havia progresso. Pedi para ele dar numeros, porcentagem ao progresso. E ele respondeu que considerava uma melhora de 30 a 50%.
Para mim, eram boas noticias, mas a minha mae nao percebeu desta maneira. Ela so' queria saber se o cancer ainda estava la' e porque, se ela ja' nao sentia mais os vultos. Tentei explicar, mas ela nao queria ouvir. Chorou. Para ela, tudo que queria ouvir e' que nao havia mais nada nos seios. Ela estava se decepcionando. Na sua maneira de pensar, seu cancer estava com os dias contados e brevemente ela arrumaria suas malas e partiria rumo ao Brasil para rever seu neto, sua casa, seus filhos...amigos. Na sua maneira de pensar, nao havia duvidas...o fato de nao poder mais sentir o cancer era sinal de melhora absoluta e nao parcial.
Tudo se complicou ainda mais quando eu pedi para ver o resultado da tumografia anterior que ela havia tirado na sala de emergencia do hospital a pouco mais de uma semana atras, que eu nunca havia tido a chance de examinar pessoalmente. Essa tumografia revelou que os conhecidos tumores havia diminuido, mas ao mesmo tempo revelou que apareceram outros, ou pelo menos um de 4 milimetros na regiao toraxica junto a vertebra numero 11. Alias a tumografia revelou que ha' tumores, ou lesoes, como eles chamam, junto as vertebras 9, 10 e 11, e na regiao lombar junto a vertebra numero 1. A tumografia tambem revelou que ha' uma serie de pequenos nodulos nos pulmoes que devem ser vigiados devido ao estado clinico do paciente, mas nao revela tumor ou massa sequer.
Essa parte deixou a minha mae ainda mais desorientada...fez com que ela esquecesse toda a melhora aparente e se concentrasse apenas na parte ma' da noticia. Apartir dai' foi um furacao de emocoes, que culminou me atirando na cara a demora do diagnostico. Agora a culpa era minha por ter demorado tanto em leva-la ao medico quando ela primeiramente comecou a se queixar das dores na costela desde novembro passado. Agora, se nao havia melhora, ela queria voltar ao Brasil. Chorou varias vezes...se recusou falar com a minha irma, se trancou no quarto o dia inteiro!
Notei que ela nao tem tomado o anti-depressivo. Me queixei, mas ela argumenta que os remedios nao lhe estam fazendo efeito que, "...o que adianta se os tumores do peito estao diminuindo se os demais estao se multiplicando..."
Agora mesmo, eu nao sei o que lhe dizer...ela nao me escuta. Ou melhor, se recusa a me escutar. Sem se expressar desta maneira, ela parece apenas querer ir para o Brasil e experimentar o tal xarope de babosa que, segundo ela, lhe ajudaria.
Sinceramente, por mais que me doa, eu ja' nao tenho mais argumentos. Ela esta' lucida, em pleno uso das suas faculdades mentais e eu nao lhe posso forcar a medicar-se e muito menos permanecer aqui contra a sua vontade. Ela parece querer ir, mas porque todos lhe aconselham o contrario, ela se sente culpada em manifestar-se. Da mesma maneira que eu me sinto culpado em lhe incentivar a ir. Como poderia eu?
Decidi que vou esperar a "poeira" baixar, e ter uma conversa clara e franca com ela, e lhe perguntar o que ela realmente quer fazer...pois ela me faz sentir muito mal, como se eu estivesse lhe obrigando a se tratar contra a sua propria vontade...Agora, tudo que ela quer e' tranferir a culpa para outro. Como ja' disse antes, hoje ela ja' me culpou do cancer (a minha demora em leva-la ao hospital para descobrir a doenca!). E eu estou genuinamente cansado, esgotado com tudo isso. Tentarei, uma vez, envolver meus irmaos nessa decisao e ver o que podemos fazer, pois eu ja' nao tenho argumentos, nem sei mais o que lhe dizer sem que ela consiga deviar para um lado imaginario. Nem sei mesmo se alguma vez sucedi em lhe explicar o que e' cancer, pois ela, com certeza, ainda nao entendeu a gravidade e a extencao dessa doenca e realmente acreditava que, depois de 5 meses de tratamento, estaria completamente curada e esta' verdadeiramente desapontada porque nao aconteceu assim. E., como tudo que eu falo, ela tem que discordar, e' uma luta que eu nao posso vencer.
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