Thursday, May 5, 2011

Um ano de tratamento...

Ha' cerca de quase dois meses atras, a minha mae completou 1 ano de tratamento e de luta contra o cancer.

Foi, com certeza, o ano mais dificil da minha vida. O turbilhao de emocoes foi realmente intenso, surpreendente, assustador, revelador, e, sobretudo, esclarecedor.

Hoje, o cancer da minha mae nao e' mais visivel, ele esta', como os medicos dizem, controlado. Ele perdeu a densidade de uma maneira, que ja' nao e' mais perceptivel.

Toda essa alegria se somou ao medo, a esperanca e as necessidades de rever aqueles que nem pensavamos mais que veriamos dentro de um ambiente de felicidade. Pois o cancer sempre aponta em outra direcao, nos faz medir as palavras, contar os acertos, premeditar os enganos, contar os dias e planejar prazos curtos.

Com um quadro estavel, minha mae quis voltar ao Brasil, rever aqueles que ela pensava que jamais veria outra vez - Ela chorou quando eu anunciei que havia comprado sua passagem de volta ao Rio de Janeiro.

Antes de mais nada, ponderei junto aos oncologistas que cuidavam da minha mae em Dallas, sobre essa volta ao Brasil. E eles me responderam em unica voz: "A unica razao pela qual nos tratamos o cancer, e' para que o paciente possa viver e estar bem, nesse exato momento, viver e estar bem para a sua mae, e' ir ao Brasil, visitar parentes e amigos, e e' o que ela deve fazer!"

Eu, pessoalmente, li muito mais que isso nas palavras dos medicos do Parkland Hospital. Pensei: "se ela esta' se recuperando de cancer, estagio 4, sem cura, como poderei eu priva-la de estar com quem ela mais ama?"



Tratar de um paciente de cancer em estagio avancado e' complicado, pois o paciente precisa compreender e gerenciar os proprios riscos e tomar decisoes ele mesmo. O "cuidador" nao pode, simplesmente, decidir por esta ou aquela "condicao", pois o estagio avancado do cancer pode piorar derrepente, deteriorar o paciente, e o "cuidador" tera' que viver eternamente com sua propria consciencia, tentando suportar a dor de ter negado algo importante a alguem que poderia estar morrendo! O "cuidador" pode apenas inspirar o paciente, mostrar preocupacao, amor, empenho e, no final de tudo, dar apoio a opcao do paciente.

No meu caso, eu nao poderia, simplesmente, proibir minha mae de voltar ao Brasil, onde nao haveria certezas sobre a continuacao do seu tratamento que estava funcionando!

De acordo, com os oncologistas americanos, que estavam tratando da minha mae, o tratamento qual ela estava sendo submetida nos Estados Unidos, nao e' nada de "ultima tecnologia" ou de avanco tal, que ainda nao estivesse disponivel no Brasil. Ela, seguramente, teria como continuar o tratamento sim...no Brasil. Mas os americanos nao sabem da politica e da demora do atendimento dos hospitais brasileiros (e, para falar a verdade, nem eu!). E isso era o que me assutava mais.

Mas a decisao estava tomada: voltariamos ao Brasil na semana santa de 2011. Me preparei, reuni todos os medicamentos que pude levar comigo, tanto os suplementos alimentares, quanto as receitas medicas. Mas o sistema hospitalar americano apenas fornece medicamentos para 3 meses. E assim fizemos, seguimos em direcao ao Brasil com medicamentos que durariam 3 meses. A unica excecao seria a aplicacao do Zometa que so' pode ser administratrada em hospital. E essa e' a nossa incognita atual.

Hoje a minha mae conseguiu um encaminhamento para o INCA do Rio de Janeiro, mas o medico nao garantiu que, se aceita no INCA, eles continuariam esse tratamento que funcionou ate' agora. A principio, ela tera' que ser diagnosticada outra vez ( o que ja' esperavamos!), mas eu e minha familia estamos dispostos em lutar para que a minha mae siga no mesmo tratamento que funcionou ate' agora.

Rezem por nos!

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